Suavemente com um movimento rápido, abria as páginas dos livros afim de explorá-los. Foi ali que me apaixonei, logo eu que sempre tive um, digamos, cuidado um tanto quanto doentio com o cuidado tomado com os livros, me embasbaquei diante de tamanha ternura que envolvia aquelas mãos de toques suaves e ágeis. Tinha a essência indispensável, que até então eu não sabia existir, para ser um amante verdadeiro das palavras escritas; tinha ganância em ler, que o resto do corpo, imóvel, omitia, mas os olhos ávidos e as mãos medianas com seu jeito de manuseá-lo, evidenciavam o óbvio.
Era indiscutível a maneira beleza como prendia os cabelos, com alguns fios delicadamente colocados atrás das orelhas, para não cair sobre a pele levemente parda de seu rosto e como, incrivelmente, esses fios soubessem de sua intenção e obedeciam-na como se fosse um pecado atrapalhar tamanha dedicação à leitura.
Como se todos fossem merecedores de seu sorriso límpido e radiante, postava-se de maneira única diante de todos, única em um sentido de não fazer diferença entre os seus semelhantes, diante de um pensamento tão mais evoluído que os tais semelhantes não poderiam compreender nem se quisessem.
Eu não me apaixonei só pela sua beleza óbvia física, do sorriso radiante e caridoso, pois lançado assim a todos, é uma caridade enorme. Não, não me apaixonei só pelo contorno perfeito de seu corpo, que formam somente o seu, que são proporcionais à sua medida maneira beleza.
Mas ao riso honesto, ao olhar ávido, as mãos e dedos talentosos por serem suaves e ágeis, aos poros de cada parte de sua pele macia,impregnada do perfume que nos faz fechar os olhos, como se isso os eternizasse em nossas narinas.
A delicadeza das palavras proferidas, por serem sinceras, quando muitos a veriam como pesadas, quando o caso requer uma maior importância, uma mudança de tom.
E a paixão me tomou porque logo atrás dela vinha o amor, que só ansiava por seus delicados momentos dedicados a nós.
Mas isso é para um outro deleite textual.
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